quarta-feira, 12 de outubro de 2011

DO YOU HEAR THE PEOPLE SING?





E vão nove!!Bem assim por alto emais coisa menos coisa.
O certo é que é fatal como o destino: ida a Londres implica ver Les Miserables!!
Acontece que já prevendo a crise ( eu sou muito previdente benza-me Deus!!) comprei há uns anos o cd do musical e aqui há tempos mandei vir um DVD com o dito.
Está bem de ver que não é a mesma coisa e só digo que é a nona vez ( mais dedo menos dedo ) que assisto ao musical por imposição dos meus filhos, que levaram ( again!) com a música em pleno lá em casa, durante as duas horitas do espectáculo. Mas aqui entre nós esta não conta para a estatística.
Foi precisamente a crise, essa palavra que já enjoa, que nos atormenta, nos deprime e que já não podemos ouvir, que me levou a meter o DVD no leitor e a deixar-me embalar por um musical que é doce e terno ( os temas Dreamed a Dream; ou a Castle on a Cloud) , empolgante e vibrante ( quem consegue não sentir o grito de revolta dentro de si, nos temas One Day More e o Do You Hear the People Sing ) e que fala de revolução .
Da revolução dos oprimidos, dos que se cansaram de serem a escória da sociedade, dos que levantaram pela primeira vez os ideais de Liberdade , Igualdade e Fraternidade, ideais que nos andam tem arredados…
Mas talvez não seja aqui o melhor local para falar dum tema que nos levaria longe : a injustiça social que nos levou ao circulo infernal e ininterrupto de crise /injustiça social /crise e assim ad náusea.
Retornando ao Les Miserables um pequeno preâmbulo: sou pura e simplesmente viciada em musicais!!! Minha mãe, cuja cultura não vai além do equivalente ao nosso 9º ano, sempre teve uma paixão por ópera, para desespero do meu pai que, se bem que mais habilitado academicamente, nunca entendeu como se podia gostar duns tipos que cantavam como se não houvesse amanhã e ainda por cima numa língua que, estava desconfiado!, nem eles mesmos entendiam. Daí algumas discussões e muitas vergonhas passadas pela minha mãe perante o ruído de fundo pouco discreto do ressonar tranquilo da cara metade.
Adiante…está porventura explicada esta minha paixão, que se estende, naturalmente à ópera dita clássica .
A primeira vez que vi o Les Miserables – para quem não sabe ( e quem é que não sabe ora!) trata em ópera a obra magistral de Vitor Hugo – o que mais me fascinou, para além obviamente das melodias ( levei semanas a trautear o Who Am I!) , foi a cenografia.
Todo o palco se transforma perante a assistência, sem que qualquer cortina seja baixada. Há até personagens que mudam de roupa e maquilhagem sem abandonarem a cena. Assim vemo-nos perante uma fábrica que se transforma numa rua degradada , para em seguida ser taberna , passar a palácio, de novo a taberna e a barricada apenas e só com movimentação de módulos e jogos de luzes. Fascinante!!
Este musical que já correu Mundo e completou agora 25 anos de cartaz ininterrupto, ainda não deu à costa portuguesa. E se aqui há alguns anos pediria aos céus que tal não acontecesse com medo duma valente decepção que arranhasse a paixão que lhe devoto, hoje anseio que o mesmo seja adaptado e apresentado ao público português.
O que me fez mudar de ideia? O La Féria. Exactamente! Esse mesmo!
Eu que, por puro preconceito não ia com a cara do homem, rendi-me totalmente à sua adaptação do Jesus Christ Superstar que não deve nada , nada , às grandes produções estrangeiras.
Mas agora ao que parece e mercê da crise o sr. La Féria anda desaparecido, quiçá desiludido com esta corja para quem a cultura é qualquer coisa que nasça na terra .
Talvez seja esta a altura ideal para trazer Les Miserables à cena, que lhe parece?
Já agora guarde as cinco primeiras filas para os nossos ilustres e na maioria analfabetos, políticos, politólogos e outros ólogos da nossa pracinha. Quem sabe não aprendem alguma coisa.

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