segunda-feira, 24 de outubro de 2011

NÃO ME DEÊM DESTA MÚSICA!



Já não é novidade a minha paixão pelos musicais. Por isso não admira que ao ver anunciada a adaptação para musical da obra do Mário Zambujal – Crónica dos Bons Malandros – tenha de imediato decidido que não a perderia por nada deste mundo.
Foi por pouco! Afinal o “ Musical” só esteve quatro dias em cena no Rivoli.
No final percebi porquê!

O Guião a encenação e a Direcção de actores esteve a cargo de Francisco Santos cujo currículo informa ter relações estreitas com A Really Useful Group de Londres , que ao que se fica também a saber, tem como mentor Andrew Lloyd Webber. Ora este último não precisa de qualquer tipo de apresentação. Ele é o Sr. Musical. Pena que o discípulo português tenha aprendido tão pouco com o mestre!

São duas horas de sofrimento contínuo!! Pergunto-me o que terá dito o Mário Zambujal ao ver os seus Bons Malandros assim maltratados! Bem… conhecendo-o dos escritos como o conheço, deve ter achado uma anedota e como tal riu-se. Seguramente!
Os actores /cantores tinham muito boa vontade, á maneira portuguesa. Esforçaram-se sem dúvida. Mas ali não havia esforço que vingasse!!
Algumas boas vozes destacavam-se na cacofonia que se gerava entre uma orquestra que abafava as três ou quatro árias do “ musical”! Ó meus caros um musical é exactamente isso: música, árias! Os diálogos ( tão fraquinhos, Deus meu! Não acredito que o Zambujal tenha ali tido dedo! Não pode!!)num musical aparecem muito esporadicamente. São apontamentos, não são a espinha dorsal do espectáculo. Aqui inverteram-se as coisas. As canções, sem grande melodia ou letra, não chegaram ameia dúzia e nenhuma fica no ouvido. E essa é uma das características dum Musical : há uma ária que fica para sempre no ouvido. Aqui houve uma tentativa com “ O circo da vida a vida de circo” mas que não resultou de todo, mal grado as boas vozes de Catarina Ribeiro, Nicola Lopes e de Diogo Lima.
O corpo de baile, constituído segundo o programa , por seis elementos ( eu juro que só me apercebi de quatro mas… ok) era confrangedor! Não se entende o contexto e os bailarinos são mais acrobatas que outra coisa.
Querem que eu fale da cenografia? Não. Não me parece !!






















A nota positiva é que há vontade de fazer este tipo de espectáculo em Portugal. Mas para isso como para tudo, é preciso escola. Aprender com quem já fez um percurso, adaptar como fez o La Feria ( apre que até parece que sou agente do sr. Não sou! Mas tenho que reconhecer que qualquer um dos espectáculos que levou à cena foram orgulhosos sucessos no nosso pequeno panorama cultural). Temos material para isso. Veja-se que em Londres é uma voz portuguesa quem dá corpo à figura principal do Fantasma da Ópera.
Os três elementos que destaquei têm potencial! Precisam de alguém que os saiba orientar. Não basta ter estado sentado ao lado do Andrew porque nem o talento nem o conhecimento passam por osmose.
E não me venham para cá com a velha história dos apoios!!! A lista neste caso até é bem gordinha! Mas com ovos tanto se pode fazer omeletas, ovos mexidos, estrelados, ou podres. É tudo uma questão de ter talento para a coisa!

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