terça-feira, 4 de outubro de 2011

A SERPENTE NO PARAÍSO DAS CORRENTES DE AR



















































E pronto lá fui ver o último da trilogia Millenium, desta vez a “ Princesa do Palácio das Correntes de Ar”.
Se já tinha gostado dos anteriores, este deixou-me uma enorme nostalgia pois que… destes não há mais!

Mas retrocedamos no tempo.
Verão de 2009 . Uma readercolick como eu falou-me nos livros Millenium como sendo o Top do ano. Eu que já os tinha visto nos rankings das diversas livrarias ( corro-as todas: desde a boa velha e sempre Bertrand, à novíssima WOOK passando pela inevitável FNAC com saltos aos escaparates de Continentes, Jumbos e quejandos) torci o nariz. Francamente não me via a comprar um livro que soava a banco e inda por cima tinha como títulos “ Os Homens que Odeiam as Mulheres ou “ A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo” ( na altura ainda não me tinha cruzado com o terceiro!).
Mas como tenho em altíssima conta a opinião da minha amiga F.P., piquena mais que conhecida nas editoras como leitora com L maiúsculo, vá de comprar o primeiro volume, só para não jurar falso.
Resultado: oito dias depois estava de volta com os dois outros volumes, amaldiçoando a minha mania de julgar um livro pela capa que me tinha feito perder o pacote promocional.
No final fiquei com a firme convicção que tal como Shakespeare dizia em Hamlet : “ Há algo de podre no reino da… Suécia”.
O sistema jurídico e as ligações de extrema direita que se movimentam mais ou menos sub-reptícias na sociedade Sueca, são magistralmente denunciadas por Stieg Larsson .

Jornalista e sócio da revista EXPO, Larsson destacou-se como activista político e jornalista de investigação sobre os movimentos de extrema direita nos países Escandinavos ( Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia e Filândia ). Está bem de ver que tal actividade não lhe granjeou grandes amizades antes lhe valeu ameaças de morte que alguns julgam terem sido cumpridas, não acreditando na providencial morte por ataque cardíaco aos cinquenta anos, dias após ter entregue o terceiro livro da saga, não obstante ser conhecido como fumador inveterado.
Sem querer participar em नेन्हुमा teoria da conspiração, há de facto coincidências difíceis de aceitar. Aparentemente existiria um projecto não duma trilogia mas de cinco volumes sobre o assunto ( há quem diga que dez, mas pronto fiquemo-nos pela metade), projecto esse conhecido não só da editora como da sua companheira Eva Gabrielsoon, que afirma ter na sua posse o manuscrito dum quarto volume .
Certo é que a personagem Mikael Blomkvist, reveste um carácter muito biográfico e as situações de violência contra mulheres, corrupção e tráfico deixam o reino da Suécia numa posição pouco confortável. E as piscadelas de olho á morte de Olaf Palmer que perpassam pela obra, atribuída a uma extrema direita tolerada e camuflada pelo governo, também não ajudam e reacendem a polémica em torno da morte de Stieg Larsson.

Concretos e incontornáveis, são os livros que nos deixou e que merecem uma leitura cuidadosa, após o que acabamos por concluir que nada parece o que é .

Por regra recuso-me a ver filmes baseados em livros que entretanto tenha lido. Cada um de nós é um realizador na sua cabeça e raríssimas são as vezes em que o nosso filme coincide com o da tela.
Estes são uma dessas raríssimas ocasiões! O realizador Niels Arden Oplev ( do qual nunca até então ouvira falar!) conseguiu com atores completamente desconhecidos do grande público Michael Nyqvist, e Noomi Rapace respectivamente nos papéis de Mikael Blomkvist e de Lisbeth Salander, prender-nos ao ecran, seguindo fielmente a trama traçada pelo autor e fazendo-nos abstrair duma língua que parece feita de sobressaltos. Os mesmos que dão corpo à história e que tanto devem ter incomodado a sociedade Sueca e o governo de Estocolmo.

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